domingo, 5 de setembro de 2010

Sociedade e Influência


     Segundo Robert Dahl, não há acordo geral sobre o sentido de palavras como "poder" e "influência", nem na linguagem do cientista político nem na linguagem comum; isso decorre do fato de tais termos ganharem diversos significados, de acordo com as diversas situações em que são empregados. Assim, alguns cientistas políticos inferem que tais conceitos não necessitam de muita explicação, uma vez que seu sentido pode ser facilmente compreendido pelo senso comum.
     Para fins didáticos, esse texto adotará o termo "influência" como sendo um sinônimo de "poder", restringindo-se aqui às relações entre atores humanos, de forma que uma pessoa (ou grupo de pessoas) "A" influenciará uma pessoa (ou grupo de pessoas) "B" na medida em que o comportamento de B se alterar no sentido desejado por A. De forma simples e resumida, Nagel explicou isso dizendo que "influência é uma relação entre atores tal que os desejos, preferências ou intenções de um ou mais atores afetem a conduta, ou a disposição de agir, de um ou mais atores distintos".
     Tendo definido o conceito de influência, far-se-á agora a análise crítica de um dos meios de maior influência sobre as pessoas de todos os tempos: a televisão. Indubitavelmente, esse meio de comunicação em massa vem, desde o seu invento, aumentando gradativamente o seu poder sobre os seus espectadores em todo o mundo. Aqui, direcionarei este tema para um país em específico, o Brasil.
     Antigamente, no Brasil, a televisão ditava o que o povo (em sua maioria analfabeto) deveria fazer: através de novelas, filmes e propagandas manipuladoras, a TV influenciava de forma grotesca a população, que, tornando-se cada vez mais alienada perante a realidade, transformava-se em um conjunto de pessoas-máquina, que apenas repetiam (e até mesmo sonhavam com) aquilo que ouviam através daquela "evolução do rádio". Neste período (felizmente), poucos tinham acesso a televisão; entretanto, no ano de 1964  instaurou-se no país um governo militar absolutista altamente repressivo, e a vida das pessoas (que já era ruim) ficou ainda pior.
     Os militares perceberam o grande poder que a televisão exercia sobre o povo, e aproveitaram-se disso para promover o regime: por mais que o país estivesse "passando por mals bocados", a televisão não deveria falar mal do governo, sob pena de ter a licença tomada. Assim, as emissoras de televisão passaram a "endeusificar" o governo.
     Então, veio a década de 1970 e a copa do mundo no México, na qual o Brasil conquistou o tricampeonato mundial de futebol. A partir dai, o ufanismo tomou conta do país: o número de televisores aumentou de forma incomensurável e, junto com o número de televisores, aumentou também a submissão do povo ao aparelho e ao país. A população ia às ruas com diversos adereços com fotos da bandeira nacional brasileira, e, pelas ruas, só se escutava a euforia do povo, exposta em canções e gritos de "ninguém segura esse país", e "a taça do mundo é nossa, com o brasileiro, não há quem possa...".
     A verdade é que, enquanto o país começava a ir bem, o povo cada vez mais afundava-se em crises e miséria. Entretanto, esse mesmo povo não se preocupava de forma alguma com sua própria situação, pois ouvia e via nos noticiários que tudo ia  melhorar,  e que tudo aquilo era só uma questão de tempo, visto que, segundo o ministro da fazenda, Delfim Neto, aquele sofrimento era altamente necessário, porque "primeiro o bolo deveria crescer, para depois dividirem-se suas fatias com a população". Eu fico me perguntando quão grande esse bolo chegou a ser, e aonde ele foi parar, visto que o pobre povo brasileiro jamais viu sequer uma migalha dele...
     Passado-se certo tempo (ainda durante o governo militar), toda essa influência televisiva iria perder a força: diante da realidade lastimável em que viviam, e sem qualquer esperança de mudança por parte do regime político, o povo brasileiro (principalmete a classe estudantil) resolveu "tomar as rédeas da situação", e, de novo, o país viu seus habitantes cantando e gritando nas ruas... Só que, dessa vez, a música era outra: "caminhando e cantando e seguindo a canção, somos todo iguais braços dados ou não"...
     Nessa época, uma vez que a simples ameaça da força física não foi suficiente para dominar a população, esta acabou sofrendo as maiores barbaridades imagináveis: prisões, perseguições, torturas e assassinatos. O país viveu um período de terror e aflição indescritíveis, mas a televisão continuava sem mostrar a realidade. Mas o povo não era mais tão passivo, e, mesmo diante das adversidades, continuou lutando pelos seus  direitos. (Quanto a essa luta pelo direito acho interessante citar uma frase de Von Ihering, que abre o seu livro a luta pelo direito: "O objetivo do direito é a paz, a luta é o meio de consegui-la. Enquanto o direito tiver de rechaçar o ataque causado pela injustiça – e isso durará enquanto o mundo estiver de pé –, ele não será poupado. A vida do direito é a luta, a luta de povos, de governos, de classes, de indivíduos). Bem, futuramente escreverei sobre essa luta que engloba o direito; por hora, continuemos com o texto:
     Inteligentemente, o último militar que ficou na presidência do país (João Figueiredo) decretou a abertura política, e, dessa forma, após vários anos de regime militar, o Brasil finalmente se libertou da tirania do exército, ao passo que a televisão voltou a despontar como principal meio influenciador dos brasileiros. A partir dai, em vez de serem induzidos através do controle pelo treinamento por parte do exército, a população passou a ser treinada elo "Tv Xuxa", pelo programa do Silvio Santos e pelas diversas novelas que passavam em horários de pico.
     Assim, pode-se perceber claramente que, independentemente do  lugar, da estação do ano ou de qualquer época, o ser humano será influenciado pela grande mídia, seja ela a televisão, a internet, ou qualquer outra forma que atinja o grande público. Mas quem sabe talvez chegue o dia em que as pessoas passem a pensar por si mesmas, sem serem influenciadas (ou sendo o minimamente possível) pelas diversas midias... sim, sim, talvez isso realmente aconteça...
     Talvez, no futuro, veremos as pessoas agindo conscientemente, independentemente da situação em que se encontrem... Talvez, possamos ver transforma-se em realidade aquilo pretendido na música Um milhão de amigos, de Roberto Carlos: ♪♫ Eu quero crer na paz do futuro, eu quero ter um quintal sem muro, quero meu filho pisando firme,  cantando alto, sorrindo livre... Quero levar o meu canto amigo a qualquer amigo que precisar, eu quero ter um milhão de amigos e bem mais forte poder cantar ♪♫. Hum, acho que acabei viajando para esse belo futuro... e realmente gostei do que vi: pessoas de juntando e dando as mãos, sem nenhum preconceito, sem nenhuma mentira, sem nenhuma falsidade... Elas realmente estavam expondo suas almas! Não sei explicar direito a visão que tive, mas não tem problema, pois eu acredito que, com o passar do tempo, todos poderão ver aquilo vi. Quem viver, verá.

     No mais, esse é um trabalho (que eu modifiquei um pouco ao transcrevê-lo aqui) que foi entregue dia 01 de agosto de 2010, com relação à disciplina Ciência Política e Teoria Geral do Estado, ministrada pelo  professor Robert Bandeira.


2 comentários:

  1. Alisson;

    Ótimo texto. Obrigado pelas informações. Estou de olho no seu blog pois tenho comigo que cada visita, estou aprendendo muito por aqui.
    Um abraço!

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  2. A aprendizagem é algo que devemos sempre buscar, nobre amigo Nilton ^^. Continuemos aprendendo cada vez mais.

    Um abraço pra você também.

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