quarta-feira, 28 de julho de 2010

Sobre a saudade...


     Segundo o dicionário, saudade é “um sentimento mais ou menos melancólico de incompletude, ligado pela memória a situações de privação da presença de alguém ou de algo, de afastamento de um lugar ou de uma coisa, ou à ausência de certas experiências e determinados prazeres já vividos e considerados pela pessoa em causa como um bem desejável”.

      Para ser franco, o máximo que pesquisei sobre a “saudade” para escrever esse texto foi o seu conceito no dicionário. Por isso, peço perdão aos leitores que gostariam de saber um pouco mais sobre a origem ou mesmo as acepções da palavra “saudade”, mas, sendo sincero, nunca cheguei a gostar de procurar os diversos significados e as possíveis origens das palavras, e não foi diferente dessa vez...

      Eu sei que esse tipo de pesquisa é fundamental e altamente necessário, mas não posso fazer nada a esse respeito, visto que buscar origens e acepções de palavras meio que iria contra a minha “natureza”. Uma vez ou outra, ainda procuro algo, mas, honestamente, para escrever sobre a saudade não estou nem um pouco a fim de pesquisar, então escreverei só com base no que aprendi ao longo da minha [curta] vida mesmo...

       Bem, eu acredito que existem diversos tipos de saudade e que recebem diversas nomenclaturas, dependendo da situação envolvida. E, dentre os diversos tipos de saudade, resolvi mensurar os seguintes (pois creio que são os mais comuns no cotidiano):

      O primeiro tipo que me vem à mente é a saudade que sentimos de algo que já se passou, e que, de alguma forma, marcou significativamente nossas vidas. A esse tipo de saudade dá-se o nome de LEMBRANÇA. E, seja ela boa ou má, dificilmente deixará a memória da pessoa que a viveu; ou seja, lembrança é o tipo de saudade responsável por lembrarmos de certos acontecimentos que vivenciamos ao longo da vida.

      O segundo tipo de saudade é aquele em que existe uma espécie de melancolia, devido a algo que já se passou ou que foi deixado para trás. Esse tipo se saudade vem sempre acompanhada de um certo tipo de tristeza, e, a esse sentimento, damos o nome de NÓSTALGIA; que geralmente é associada a uma saudade da pátria, mas que também é freqüentemente utilizada pelos poetas, para descrever uma saudade impregnada de um abatimento, que nasce não se sabe de onde, cresce não se sabe como e doe não se sabe porque...

      Engraçado, mas, enquanto escrevo, na minha mente vão surgindo diversos outros tipos de saudade, que as pessoas provavelmente não diriam se tratar realmente de uma espécie de saudade, e que, se eu fosse escrevê-los, de certo que levaria muito tempo e poderia até mesmo chegar a cansar os leitores que venham a ler esse texto, então resolvi abreviar (talvez mais por preguiça de digitar do que por consideração aos leitores) esse texto e falar de um último tipo de saudade, que veio agora à minha mente junto com diversos outros tipos, e que, como já mencionei acima, as pessoas provavelmente não considerarão de fato este último como sendo um tipo de saudade.

      Bem, independentemente da crença ou não das pessoas nesse último tipo de saudade, o que é certo mesmo sobre ela é que todos os seres humanos já a sentiram, ao menos uma vez na vida... Afinal, é um sentimento bem comum, mas não menos doloroso... Para ser franco, a maioria das pessoas até mesmo chega a confundir o significado desse tipo de saudade; então, resolvi explicar de forma breve sobre ela... O último tipo de saudade a que me refiro é a SOLIDÃO. Adiante, explicarei o porque disso, mas antes, falarei um pouco sobre a solidão:

      Muitos pensam que solidão significa “estar sozinho” e isso nada ou pouco tem haver com a saudade; e, por isso, leitores que tenham esse pensamento podem estranhar ao lerem que, para mim, solidão é um tipo de saudade, e, por isso mesmo, podem pensar que eu fiquei louco e que começo a confundir o significado dos nomes. Se eu fosse Machado de Assis, de certo que diria aos leitores: “se não acreditarem nas minhas palavras, ou acharem essa parte chata, devem imediatamente seguirem para a última página (nesse caso o último parágrafo) ou então pararem de ler aquilo que escrevi (escrevo)”, mas como não o sou, não direi nada parecido e apenas prosseguirei com o texto.

      Como eu disse, as pessoas podem considerar estranho o fato de a solidão ser uma espécie de saudade, entretanto não há nada de estranho nisso, afinal, como li uma certa vez em algum lugar, “o verdadeiro significado de solidão não é estar sozinho: é estar rodeado de mil pessoas, mas sentir falta de apenas uma”.

      Destarte¹, à medida que você sente falta de uma pessoa, você está vivendo o sentimento da “saudade”, que, em certos casos, como por exemplo no caso do pássaro encantado, pode vir a ser até saudável; e é exatamente por isso, por essa falta que se sente de alguma pessoa que você sabe que existe em algum lugar, que também pode-se afirmar que a solidão é um dos diversos tipos existentes de saudade ^^ .

      O fato é que a saudade, dependendo da intensidade, pode ser considerada um dom, uma coisa mágica que brota não se sabe de onde e nos faz parar no tempo, aliás, com relação a isso, já dizia o grande Mário Quintana: "O tempo não pára! Só a saudade é que faz as coisas pararem no tempo..."

      Para integrar um pouco mais o leitor com o texto, abaixo transcrevi um poema de Da Costa e Silva, intitulado “saudade”, que é o centro do seu livro “Sangue”:


SAUDADE

Saudade! Olhar de minha mãe rezando,
E o pranto lento deslizando em fio ...
Saudade! Amor da minha terra ... O rio
Cantigas de águas claras soluçando.

Noites de junho ... O caburé com frio,
Ao luar, sobre o arvoredo, piando, piando ...
E, ao vento, as folhas lívidas cantando
A saudade imortal de um sol de estio.

Saudade! Asa de dor do Pensamento!
Gemidos vãos de canaviais ao vento...
As mortalhas de névoa sobre a serra... .

Saudade! O Parnaíba - velho monge
As barbas brancas alongando ... E, ao longe,
O mugido dos bois da minha terra ...


(Sangue, 1908)

1- Assim sendo.

2 comentários:

  1. 1-na minha opnião, uma das melhores postagens;
    2-adorei o "destarte"..hiuhihuihui
    3-continue escrevendo assim maninho...até pq como já dizia Clarice:"Escrever é procurar entender, é procurar reproduzir o irreproduzível, é sentir até o último fim o sentimento que permaneceria apenas vago e sufocador. Escrever é também abençoar uma vida que não foi abençoada."

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  2. Sempre sentiremos saudades de algo que se passou, ou de alguém que se foi... Mas, enquanto tivermos um ao outro, tudo estará bem =D

    ...S2...

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